As Condições para Possuir a Terra Prometida
Sermão Expositivo em Números 33:50-56 – “E falou o Senhor a Moisés, nas campinas de Moabe junto ao Jordão… dize-lhes: quando houverdes passado o Jordão para a terra de Canaã… Lançareis fora todos os moradores da terra… Mas se não lançardes fora os moradores da terra… os que deixardes ficar vos serão por espinhos nos vossos olhos, e por aguilhões nas vossas virilhas…”
🟣 Introdução
Irmãos e irmãs, imaginem a cena. Depois de quarenta longos anos de peregrinação no deserto, a nação de Israel está acampada nas campinas de Moabe. Do outro lado do rio Jordão, eles podem ver a terra de Canaã – a Terra Prometida. A geração que duvidou e morreu no deserto já passou. Agora, uma nova geração, cheia de fé e expectativa, está prestes a receber a herança que Deus prometeu a seus pais, Abraão, Isaque e Jacó.
É neste momento crucial, na fronteira entre o deserto e a bênção, que Deus dá a Moisés uma instrução final e vital. A mensagem não é apenas sobre entrar na terra, mas sobre como possuí-la de verdade. Deus deixa claro que a posse da promessa vem com uma condição inegociável.
Da mesma forma, muitos de nós já “atravessamos o nosso Jordão”. Já experimentamos a salvação em Cristo, fomos libertos da escravidão do pecado. Mas talvez ainda estejamos na fronteira, olhando para a vida abundante que Jesus prometeu (João 10:10), mas sem vivê-la plenamente. A Palavra de Deus para Israel naquela campina é a Sua Palavra para nós hoje, revelando as condições para transformar a promessa em possessão.
🟣 Desenvolvimento
O texto nos apresenta três verdades fundamentais sobre a conquista da nossa herança espiritual.
1. A Promessa é um Dom, mas a posse exige Ação (v. 53)
“E tomareis a terra em possessão, e nela habitareis; porquanto vos tenho dado esta terra, para possuí-la.” (Números 33:53)
Observe a beleza deste versículo. Deus diz duas coisas: “Eu vos tenho dado esta terra” e “para possuí-la“. A terra era um presente, um ato da graça de Deus. Israel não fez nada para merecê-la. Da mesma forma, nossa salvação e a promessa de uma nova vida são dons imerecidos da graça de Deus.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2:8-9)
No entanto, o dom precisava ser possuído. Eles precisavam atravessar o rio, lutar contra os inimigos e tomar posse do que já era deles por direito divino. A graça de Deus não anula a nossa responsabilidade. A vida cristã vitoriosa não cai do céu; ela é conquistada através da fé ativa e da obediência. Deus nos deu a vitória em Cristo, mas nós precisamos avançar e tomar posse dela a cada dia.
2. A Conquista Exige uma Santificação Radical (v. 52)
“Lançareis fora todos os moradores da terra de diante de vós, e destruireis todas as suas pinturas; também destruireis todas as suas imagens de fundição, e desfareis todos os seus altos.” (Números 33:52)
A ordem de Deus foi clara e radical: nada da cultura cananita poderia permanecer. Os “moradores” da terra representam, para nós hoje, os hábitos, os pensamentos e os pecados da nossa velha natureza. As “imagens” e os “altos” são os ídolos do nosso coração – tudo aquilo que colocamos no lugar de Deus, seja o orgulho, o dinheiro, os relacionamentos ou a nossa própria razão.
Deus não aceita um acordo de paz com o pecado. Ele não nos chama para “administrar” nossa velha natureza, mas para “lançá-la fora”. Não podemos construir nossa nova vida em Cristo sobre os fundamentos do velho homem. É preciso uma demolição completa.
“Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: a prostituição, a impureza, a paixão, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria.” (Colossenses 3:5)
🟢 O que você trouxe do seu “Egito” para dentro da sua Terra Prometida? Que “morador” você se recusa a expulsar? Pode ser um ressentimento, um vício secreto, uma amizade que te afasta de Deus, ou uma mentalidade mundana. Deus está dizendo hoje: “Para possuir a minha bênção por completo, você precisa se livrar disso por completo.”
3. A Desobediência Traz Consequências Dolorosas (v. 55)
“Mas se não lançardes fora os moradores da terra de diante de vós, então os que deixardes ficar vos serão por espinhos nos vossos olhos, e por aguilhões nas vossas virilhas, e apertar-vos-ão na terra em que habitardes.” (Números 33:55)
Esta é uma das advertências mais sérias da Bíblia. Deus não ameaça tomar a terra de volta. Ele diz que o próprio inimigo que eles pouparem se tornará sua fonte de tormento.
- Espinhos nos olhos: O pecado que toleramos nos cega espiritualmente. Ele distorce nossa visão de Deus, de nós mesmos e dos outros.
- Aguilhões nas virilhas (ou lados): O pecado que acariciamos se torna uma fonte de dor constante, nos ferindo, nos enfraquecendo e roubando nossa paz.
- Apertar-vos-ão na terra: O pecado que não removemos nos oprime e nos aprisiona dentro da nossa própria bênção, nos impedindo de desfrutar da liberdade que Cristo conquistou para nós.
A história de Israel, registrada no livro de Juízes, é o triste cumprimento desta profecia. Porque não obedeceram plenamente, sofreram por gerações.
🟢 Todo pecado tolerado na vida de um crente se tornará a causa de sua maior dor. Aquela área que você se recusa a render a Deus será exatamente a área de onde virão suas maiores lutas e frustrações. Não seja enganado: o inimigo que você poupa hoje será o tirano que te oprimirá amanhã.
🟣 Conclusão
Meus irmãos, a mensagem de Deus nas campinas de Moabe ecoa até hoje. Ele nos deu uma herança gloriosa em Cristo Jesus – uma vida de propósito, paz e vitória. Esta é a promessa. Mas a posse desta herança exige uma resposta da nossa parte.
Precisamos nos levantar em fé e agir. Precisamos ser radicais na busca pela santidade, lançando fora tudo o que pertence à nossa velha vida. E precisamos levar a sério as advertências de Deus, entendendo que a convivência com o pecado sempre resultará em dor e derrota.
Qual é a sua decisão hoje? Você vai continuar acampado na fronteira, apenas olhando para a bênção, ou vai atravessar o Jordão em obediência, limpar o terreno e tomar posse da vida abundante que Deus preparou para você? Que possamos dizer “sim” ao chamado do Senhor e conquistar, de fato, a nossa Terra Prometida.